Alguém já deve ter dito a você após ouvir alguma história de vida sua: “Nossa, isso daria um livro”. Uma Biografia é justamente o resultado desse comentário acima – a sua história eternizada no papel. E não se engane em supor que o gênero é novo. Como Biografia é a junção dos radicais gregos bio (vida) e grafia (escrita), podemos traçar a ascendência desses livros até a Grécia Antiga, com Plutarco e seu Bioi parálleloi, um compêndio de textos biográficos de homens importantes da Roma e Grécia antigas. Biografia é, portanto, um gênero narrativo não-ficcional que se debruça sobre a vida ou um recorte histórico da vivência de uma pessoa.
Mas não acredite que apenas pessoas públicas interessam aos biógrafos. Nós, do Álbum de Memórias, acreditamos que se você passou por um grande desafio pessoal, ultrapassou um obstáculo temível, conseguiu um cargo relevante, fez uma grande viagem (ou uma série de viagens), superou uma grave doença, criou um grande produto, executou uma ação filantrópica, sobreviveu a uma diversidade de intempéries, etc, já pode considerar eternizar essa memória. Afinal, a experiência de cada um é única e a Biografia tem esse poder de ensinar e/ou dar visibilidade a algo desconhecido. Lembrando que você também pode querer homenagear alguém (um parente, um amigo) que passou por alguma experiência memorável, como as descritas acima.
Uma Biografia é, portanto, uma espécie de ponte entre o particular e o social. Com o registro de cada história individual, você cria a oportunidade para o leitor aprender, se entusiasmar, tomar coragem, conhecer a sua história. Os ganhos são mútuos: quem conta dilata e eterniza alguma parte (ou tudo) da sua vida, e quem lê, amplia sua vivência com o exemplo alheio.
A escrita biográfica, entendida como gênero literário, tem um paralelo com os romances de formação ou Bildungsroman, um gênero que pouco aparece nas prateleiras atuais das livrarias, mas que foi muito comum até meados do século passado. Nos romances desse gênero, encontramos uma história ficcional (lembrando que Biografia é não-ficcional) centrada, geralmente, em um personagem, que atravessa um processo de desenvolvimento físico, moral, psicológico ou social. “Apanhador no campo de centeio”, de J. D. Salinger; “Demian”, de Hermann Hesse; “David Copperfield”, de Charles Dickens; e “As aventuras de Tom Sawyer”, de Mark Twain, são alguns exemplos do gênero. Os romances de formação serão melhor explorados em outro texto do blog.
É história? É literatura? É individual? É coletivo? Uma Biografia é tudo isso. Por sua diversidade, o texto biográfico conta com subgêneros. Esse é o assunto do nosso próximo texto no blog.
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