10 livros de não-ficção para amantes de histórias reais

10 livros de não-ficção para amantes de histórias reais

Histórias reais estão no cerne do Álbum de Memórias. Nosso foco é pegar uma história verídica, seja ela qual for, e dar-lhe uma roupagem literária, envolvente, de modo que se torne irresistível ao leitor.

E é isso que esses mestres da não-ficção fizeram, por vezes experimentando novos métodos narrativos. Os temas vão desde relatos de pessoas que vivenciaram períodos históricos importantes, passando por mergulhos na mente de assassinos psicopatas, até o diário de viagens (reais e figurativas) de um jornalista genial e viciado em drogas.

Em comum, estas histórias têm apenas uma coisa: a verdade.

 

hiroshima, de john hersey

Hiroshima

John Hersey

Em 6 de agosto de 1945, Hiroshima foi destruída pela primeira bomba atômica lançada sobre uma cidade. Esta obra-prima jornalística de John Hersey conta, em parte, o que aconteceu naquele dia, sob o ponto de vista de seis sobreviventes.  Um documento atemporal que se tornou clássico, poderoso e compassivo, “que desperta a consciência da humanidade” (The New York Times).

Quase quatro décadas após a publicação original deste célebre livro, John Hersey voltou a Hiroshima em busca das pessoas cujas histórias ele contara. O relato de suas descobertas sobre eles é o comovente capítulo final de Hiroshima.

 

Z a cidade perdida, de david grann

Z, a cidade perdida

David Grann

Em 1925, o explorador britânico Percy Fawcett embrenhou-se na Amazônia para encontrar uma antiga civilização, prometendo fazer uma das mais importantes descobertas arqueológicas da história. Mas Fawcett e sua expedição desapareceram para sempre. Durante décadas, cientistas e aventureiros procuraram vestígios da expedição de Fawcett e da cidade perdida de Z. Muitos pereceram, enlouquecidos ou capturados por tribos hostis.

O jornalista David Grann acabou atraído pelo mesmo mistério, e sua busca pela verdade compõe o cerne dessa reportagem. Z, a cidade perdida é uma enigmática aventura sobre o que existe abaixo da impenetrável copa das árvores da Amazônia.

 

A sangue frio, de truman capote

A sangue frio

Truman Capote

O romance-reportagem A sangue frio conta a história do assassinato da família Clutter, em Holcomb, Kansas, e dos autores da chacina. Além de narrar o extermínio de uma típica família americana dos anos 50, pacata e integrada à comunidade, Truman Capote reconstitui a trajetória dos assassinos, Perry Smith e Dick Hikcock.

A intensa relação que Capote estabeleceu com suas fontes foi determinante para o êxito da obra, além de passar mais de um ano na região de Holcomb, investigando e conversando com moradores. Por seu estilo que combina a precisão factual com a força emotiva da criação artística, A sangue frio é um marco na história do jornalismo e da literatura.

 

Rota 66, de caco barcellos

Rota 66

Caco Barcellos

Rota 66 é um livro que desmonta a intricada rede que forma o “esquadrão da morte oficial” montado em São Paulo, sistema cruel de extermínio até certo ponto legitimado pelo aparato do estado. A obra de Caco Barcellos é uma reportagem minuciosa sobre o trabalho da Polícia Militar de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990, e se aprofunda na atuação irregular da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), unidade na qual atuava um esquadrão da morte responsável pela morte de milhares de pessoas. A maioria delas inocente.

Resultado de um rigoroso processo de investigação jornalística de cinco anos, este livro emblemático assume proporções de umadenúncia social que, infelizmente, segue relevante.

 

medo e delírio em las vegas, de hunter thompson

Medo e delírio em Las Vegas

Hunter Thompson

“Uma prosa enlouquecida, corrosiva e poética, que começa onde ‘Um sonho americano’, de Norman Mailer, termina e explora o que Tom Wolfe deixou de fora.” (The New York Times) Imagine alugar um conversível vermelho e ter como destino Las Vegas. Imagine torrar o pagamento por uma matéria jornalística que ainda não foi feita e encher o carro de drogas de todos os tipos. Imagine ter ao seu lado o seu advogado, um ­samoano nada confiável. Pronto! Aqui está a história de Medo e delírio em Las Vegas, o livro que revolucionou as bases do texto jornalístico e transformou Hunter Thompson em um dos grandes retratistas dos ideais libertários dos Estados Unidos nos anos 60. Publicado originalmente em artigos na revista Rolling Stone ao longo de 1971, Medo e delírio se tornou um clássico da contracultura e foi levado às telas do cinema por Terry Gilliam em 1998.

 

On the road, de jack kerouac

On the road

Jack Kerouac

Falando em histórias de viagens e revoluções culturais, On the road, de Jack Kerouac resiste ao passar do tempo com sua aura de transgressão, lirismo e loucura, escancarando ao mundo o lado sombrio do sonho americano. A partir da trip de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriarty –, de Paterson, New Jersey, até a costa oeste dos Estados Unidos, atravessando literalmente o país inteiro a partir da lendária Rota 66, Jack Kerouac inaugura uma nova forma de narrar. A obra-prima foi escrita fundindo ação, emoção, sonho, reflexão e ambiente. O autor procurou captar a sonoridade das ruas, das planícies e das estradas americanas para criar um livro que transformaria milhares de cabeças, influenciando definitivamente todos os movimentos de vanguarda, do rock ao pop, os hippies, o movimento punk e tudo o mais que sacudiu a arte e o comportamento da juventude na segunda metade do século 20.

 

o nome da morte, de klester cavalcanti

O nome da morte

Klester Cavalcanti

Depois de matar, Júlio Santana reza dez ave-marias e vinte pai-nossos para pedir perdão. Tem medo de acabar no inferno. Sem ideologia, Júlio mata por ofício. Uma profissão que aprendeu em família, com seu tio Cícero, que lhe passou um trabalho aos 17 anos. Depois de 35 anos de ofício, contabiliza quase 500 vítimas registradas num caderninho com a capa do Pato Donald. Sem compaixão ou ódio, o livro do jornalista Klester Cavalcanti faz o matador respirar e nos assombrar com sua frieza. Não deixa passar nada. Em O nome da morte, pela primeira vez um matador de aluguel mostra a cara e a alma. Vencedor do Prêmio Jabuti de 2006, o livro já foi publicado em 13 países e ganhou uma versão cinematográfica, dirigida por Henrique Goldman.

 

vida de escritor, de gay talese

Vida de escritor

Gay Talese

Vida de escritor não é uma autobiografia convencional. É um livro sobre o ofício da escrita, e os reveses que acometem aos que por ele se aventuram. Entre as agruras para encontrar uma boa história, Talese nos deixa divisar sua vida e, especialmente, sua carreira. Os dramas começam no jornalzinho da faculdade (de baixa reputação) que cursou no Alabama, prosseguem nos dez anos que trabalhou como repórter do New York Times e se tornam mais complexos nas revistas com as quais passou a colaborar, uma delas a prestigiada New Yorker.

Septuagenário, Gay Talese poderia ter feito um livro de memórias complacente. É sem qualquer condescendência consigo mesmo, no entanto, que ele demonstra como o fracasso é inerente à profissão. Ao construir a vida de escritor em torno de personagens anônimos ou menores, o autor na prática se solidariza com eles e dá uma lição que só a experiência e a sabedoria propiciam: mesmo na autobiografia de um jornalista, o que importa são os outros.

 

morcegos negros, de lucas figueiredo

Morcegos negros

Lucas Figueiredo

Um fio liga o renascimento político de Collor e o caso de duplo homicídio sem culpados: a impunidade. Durante 17 anos, o jornalista Lucas Figueiredo investigou os mistérios que rondam a dupla, reunindo provas que mostram que o Esquema PC tinha conexões com o crime organizado internacional. Vasculhando documentos sigilosos na Itália, na Suíça, nos Estados Unidos, na Argentina, no Uruguai e no Brasil, o jornalista teve acesso a dados referentes às movimentações financeiras entre Paulo César e mafiosos italianos pertencentes a uma das maiores redes internacionais de narcotráfico.

Morcegos negros – marco do jornalismo investigativo nacional – aborda a impunidade que protege corruptos e corruptores e os atuais esquemas de desvio de dinheiro público manejados por “filhotes” de PC em Brasília.

 

holocausto brasileiro, de daniela arbex

Holocausto brasileiro

Daniela Arbex

Durante décadas, milhares de pacientes foram internados à força, sem diagnóstico de doença mental, num enorme hospício na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Ali foram torturados, violentados e mortos sem que ninguém se importasse com seus destinos. Eram epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas pelos patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento. Ninguém ouvia seus gritos.

Jornalistas famosos, nos anos 60 e 70, fizeram reportagens denunciando os maus tratos. Nenhum deles conseguiu contar a história completa. Até Daniela Arbex, em Holocausto Brasileiro. O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população. Holocausto Brasileiro mergulha fundo nesta denúncia social assombrosa e contundente.

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