Na Parte 1 dessa série falamos sobre as primeiras ideias, e como organizá-las até elaborar uma sinopse ou resumo do seu livro. Caso não tenha lido, dê uma olhada lá.
Agora é o momento de enriquecer este resumo com os detalhes, tanto de personagens quanto de enredo, porque são eles que moldam a história.
Um exercício que facilita é pensar em termos de estrutura. Usando parte das nomenclaturas aplicadas em roteiros audiovisuais, é possível dividir a sua narrativa em três blocos: os Atos, as Sequências e as Cenas.
A Estrutura de Três Atos
Não que seja uma regra, mas geralmente se constrói uma história a partir de três atos (uma espécie de começo, meio e fim, pensando de forma simples). Assim, cada um representa uma “etapa” da história, ou da jornada do seu personagem.
Na transição de um ato para o outro, você pode criar um evento transformador, que leve a trama para outra direção. Pode ser uma descoberta feita pelo protagonista (em tramas policiais e de mistério isso funciona bem), um acontecimento inesperado, um novo personagem que aparece, uma informação que muda o entendimento sobre os personagens. Não há fórmula. Somente o autor pode refletir o que seria um considerado este “ponto de virada” em sua história.
As Sequências e Cenas
Ao escrever um romance, um livro de contos, ou mesmo uma obra de não-ficção em forma de narrativa, ajuda muito pensar em termos de cenas e sequências. Uma cena é basicamente um acontecimento da sua história que se passa num determinado lugar, como uma casa, uma rua, um restaurante, um estádio de futebol, ou a caverna de um planeta distante.
E uma sequência é simplesmente um conjunto de cenas que contenha uma unidade narrativa dentro da história. Ou seja, com o propósito de revelar algo específico que leve a trama para frente.
Fazer uma decupagem do seu livro em cenas ou sequências ajuda muito na organização da sua história. Assim, ao escrever, você consegue seguir uma espécie de guia narrativo e não se perde no caminho, pois sabemos que as possibilidades são inúmeras.
A Pesquisa Literária
Tendo estes elementos, você consegue organizar outro aspecto que pode ser necessário em seu livro: a pesquisa. No caso de livros de não-ficção, a pesquisa é parte importantíssima, pois é essa busca pela verdade dos fatos que garante a credibilidade da obra.
Caso sua história não seja fundamentada apenas em imaginação ou referências a outras obras, você fatalmente se pegará em uma situação em que a pesquisa será necessária. Seu personagem pode ser um advogado criminalista ou um artesão, mas alguma pesquisa sobre esses ofícios é essencial para conduzir o leitor pelo universo e a mente desses seres fictícios.
A pesquisa o auxilia tanto nesta descoberta do cotidiano do seu personagem, quanto na elaboração dos possíveis conflitos que ele pode enfrentar (tanto os ordinários quanto extraordinários) e como resolvê-los. Se puder.
Mesmo com tudo isso, a obra em sua inteireza só é criada no ato da escrita. É nela que o autor mergulha em cada detalhe, nas ações e pensamentos de seu personagem, no fluxo de consciência, no tom, e nas ferramentas da linguagem.
Na próxima parte vamos falar sobre esta imersão fascinante que é a escrita de um livro.