História do Romance na Literatura – Parte 1: Dom Quixote

História do Romance na Literatura – Parte 1: Dom Quixote

O Romance sempre foi como conhecemos? Quando o Romance recebeu esse nome e qual o primeiro grande livro do gênero? Como gênero literário, o romance é relativamente recente em comparação com formas mais antigas como a poesia épica e a tragédia.

Contudo, logo que “recebeu” suas características principais, se tornou uma das formas mais populares e versáteis de expressão literária.

Antes do Romance, tudo era Poesia. Na antiguidade, a poesia tinha um papel de destaque nas culturas orais. As epopeias “A Ilíada” e “A Odisseia”, atribuídas a Homero, são exemplos basilares da poesia épica grega.

Estas obras não apenas narravam histórias de deuses e heróis, mas também transmitiam valores, conhecimento e mitologias fundamentais para a sociedade grega.

Da mesma forma, “A Eneida” de Virgílio teve desempenho de destaque na Roma Antiga, celebrando as origens míticas de Roma.

Mesmo no distante oriente, as tradições poéticas da Índia, China e Oriente Médio também são igualmente antigas e ricas. Os Vedas, textos sagrados da antiga Índia, são algumas das obras poéticas mais antigas do mundo.

Na China, o “Livro das Odes” (Shijing) e as obras de poetas como Li Bai e Du Fu refletem a profundidade da poesia chinesa clássica. O Oriente Médio nos legou a poesia lírica sufista, com obras como as dos poetas persas Rumi e Hafez, que exploram o misticismo e o amor divino.

Não por acaso, os primeiros “romances” eram narrados de forma episódica, ainda com certa forma híbrida de poesia. Obras da Antiguidade como “Satyricon” de Petrônio e “As Metamorfoses” de Apuleio, não seguiam a estrutura coesa, entre outras características, que associamos ao romance moderno.

Apenas na Idade Média rastreamos os “pais” do romance: as novelas de cavalaria. “Tristão e Isolda” e “Lancelot”, por exemplo, combinavam elementos de aventura e romance, influenciando profundamente a literatura subsequente.

O Romance é um moinho de vento

O Romance como o conhecemos data do Renascimento. “Dom Quixote” (1605), o clássico do espanhol Miguel de Cervantes, é frequentemente citado como o primeiro romance moderno.

Curioso é que esta obra é uma paródia das novelas de cavalaria, apresentando um personagem complexo e uma narrativa estruturada, marcando uma mudança significativa na forma e no conteúdo.

E para além do livro em si (grandes obras têm esse poder), a partir de Dom Quixote foi cunhado o termo “quixotismo”, que está associado ao idealismo extremo, à busca por um mundo perfeito e à defesa de valores nobres.

Dom Quixote pensava como um cavaleiro de armadura reluzente que poderia transformar a realidade ao lutar contra injustiças e defender os oprimidos. Mas, no fundo, era apenas um fidalgo dominado pela loucura.

No século XVIII o romance realmente floresceu por todo o mundo. Mas isso é assunto para um próximo texto.

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