Dando continuidade à série de textos iniciada com a Parte 1 – Dom Quixote, hoje voltamos a falar sobre a história do gênero do Romance na Literatura.
Nos séculos 18 e 19, o Romance ganhou força e popularidade, e substituiu de vez a antiga forma de narrativa conhecida como epopeia ou poema épico. Enquanto esses gêneros eram escritos em versos e apresentavam a figura idealizada de um herói, o romance é escrito em prosa e a figura heroica passou ser dispensável, embora usada em alguns casos.
Em “Dom Quixote”, citado no artigo anterior, Cervantes expôs os próprios mecanismos narrativos do romance e mostrou ser possível construir um personagem central fascinante que era o próprio anti-herói: um fidalgo genial que havia enlouquecido justamente por ter lido muitas histórias de amor e aventuras.
A Estrutura do Romance
Em sua estrutura básica (que conserva até hoje), o Romance passou a ser composto por, além da narrativa longa escrita em prosa, uma ambientação temporal e espacial, um enredo ou trama, e a presença de personagens que vivenciam os acontecimentos e conflitos. Há também sempre um narrador que conta a história, que pode ou não ser um dos personagens.
Um gênero em mutação
No entanto, segundo o teórico russo Mikhail Bakhtin, em “Questões de literatura e de estética: a teoria do romance”, trata-se de um gênero em constante mutação, acompanhando os movimentos e a evolução da humanidade. A filósofa búlgaro-francesa Julia Kristeva, em “O texto do romance”, define este traço como seu caráter “transformacional”.
Entre alguns expoentes globais que ajudaram a definir e explorar as múltiplas possibilidades do Romance no século 19, podemos citar Victor Hugo, Alexandre Dumas, Gustave Flaubert, Fiódor Dostoiévski e Jane Austen. No Brasil, também neste período, temos o grande Machado de Assis, e muitos outros.
O Romance e a vida
Até hoje o Romance segue sendo o gênero literário mais lido e apreciado no mundo. Através da palavra, é ele que nos proporciona histórias longas, profundas, com personagens bem construídos e multifacetados. Romances nos conectam com a complexidade da vida e a experiência de transitar pelo mundo.
No livro “Romancista como vocação”, assim falou o autor japonês, Haruki Murakami: “Se você deseja escrever um romance, observe atentamente seu entorno. O mundo pode parecer monótono, mas está cheio de diamantes brutos, atraentes e misteriosos. Romancistas são aqueles que conseguem identificá-los.”.