Arco Dramático – Construindo a jornada do seu personagem

Arco Dramático – Construindo a jornada do seu personagem

Arco dramático é a forma com que seu personagem central é afetado durante o percurso da sua história. Ou seja, como ele era no início e como estará no final, tanto do ponto de vista físico, material, quanto, principalmente, psicológico.

Não há regras para essa mudança, esteja você escrevendo um romance, um roteiro ou uma peça de qualquer gênero. Inclusive, seu personagem pode não ter sofrido nenhuma alteração após vivenciar os acontecimentos da história. Contudo, se esta for sua escolha, é preciso haver uma razão dramática para isso.

Personagens unidimensionais costumam ser sem graça. Seres humanos são complexos, ambíguos, afetados por desejos, medos e por relações interpessoais, assim como pelo próprio inconsciente.

Portanto, o Arco dramático é onde tudo isto é trabalhado no sentido de dar vida ao seu personagem, e fazer com que o leitor ou espectador se envolva com sua jornada. Com raríssimas exceções, toda história notável conta com um Arco em que o personagem começa de uma forma, e termina de outra.

Arco da Transformação

É aquele no qual o seu personagem se transforma profundamente durante o curso da história. Ou seja, os acontecimentos vividos mudam sua forma de ver o mundo, e ao final ele se tornou outra pessoa, tendo uma nova compreensão sobre si mesmo e sobre os outros.

Como exemplo temos a Jornada do Herói, um dos arcos mais antigos das artes narrativas, que acontece quando o personagem sai de uma situação de vida insossa para tornar-se um grande herói, superando obstáculos, medos e bloqueios interiores. É o caso do Hobbit Frodo, por exemplo, na saga “O Senhor dos Anéis”.

Arco da Ascensão

Quando o personagem sai de uma posição inferior e alcança o poder, o sucesso, o status. Ou seja, quando conquista seu objetivo, geralmente grandioso. Contudo, este arco pode implicar também em certa corrupção moral do personagem ao longo do processo. Ou seja, para alcançar o tão almejado poder, ele pode ter que prejudicar outros, passar por cima de questões éticas, o que torna a narrativa ainda mais envolvente em sua dualidade.

Também pode ser um arco de autoconhecimento e autodescoberta, ou até de redenção e superação, o que se relaciona mais ao plano psicológico do personagem do que ao material.

Um bom exemplo está no clássico “Dom Quixote”, no qual o cavaleiro da Triste Figura começa como um desconhecido, depois encontra reconhecimento e fama por seus feitos (mesmo que alguns ilusórios), e é então que se depara consigo mesmo.

Arco da Queda

Este é um arco que trata da decadência ou ruína do personagem, o que pode se dar de diversas maneiras: através da corrupção moral, da degradação material e física, de um rompimento de relações que leva à solidão, etc. É um arco geralmente mais sombrio e trágico, e o personagem termina a história em uma situação pior do que começou.

Um bom exemplo desse arco é o Bentinho de “Dom Casmurro”, que nos conta sua história quando está mais velho e pessimista (daí o “Casmurro”). Por ele lemos sua adolescência, vida adulta, e como a incerteza em relação à Capitu o leva à paranoia, dúvida e solidão.

Há também o Arco de Ascensão e Queda, que é quando o personagem alcança o topo, para depois cair às profundezas. É o caso dos protagonistas de filmes clássicos como “Scarface” e “O Lobo de Wall Street”, assim como Walter White na série “Breaking Bad”.

Estes, claro, são apenas alguns exemplos mais conhecidos de Arco Dramático. O mais importante é que você, escritor, conheça seu personagem como ninguém e saiba o que deseja transmitir com a jornada dele ou dela.

Fale conosco



    Faça um Comentário