Com raríssimas exceções, não existe uma boa história ficcional sem conflito. O conflito é o coração pulsante da ficção. Sem ele, as tramas ficam sem força, propósito e o impacto desejado. Quando sentir que sua escrita está fraca ou sem objetivo, pode ter certeza que o conflito principal foi deixado de lado. Mas o que é um bom conflito?

O conflito é um choque, uma disputa, que pode se manifestar de diversas formas: um embate entre personagens com objetivos diferentes (conflito externo), uma luta interna do protagonista com seus próprios sentimentos e dilemas (conflito interno), ou ainda um confronto com forças maiores, como a sociedade, deuses, a natureza ou o destino.

É comum que romances tenham um conflito principal e outros secundários, que oferecem novas camadas de profundidade à narrativa. Assim, desde as obras clássicas até as narrativas modernas, o conflito não é apenas um obstáculo a ser superado, mas o motor que propicia o desenvolvimento da história.

Vejamos 05 dicas de como pensar um bom conflito.

Personagens complexos

Construa personagens complexos. Conflitos bem-sucedidos surgem de personagens multifacetados, com desejos, fraquezas e motivações.

Conflitos internos são criados quando um personagem está dividido entre diferentes impulsos ou valores; e externos quando ele está em choque com outras pessoas ou com o ambiente em que vive.

Antagonistas fortes

O antagonista não precisa ser uma pessoa, mas uma força ou circunstância poderosa que impede o protagonista de chegar ao seu objetivo.

Como tal, crie um antagonista que seja tão bem desenvolvido quanto o protagonista, que também tenha motivações e intenções claras.

Tensão gradual

Construa tensão gradualmente. A boa ficção é construída a conta-gotas. Em vez de revelar o conflito todo de uma vez, crie e aumente a tensão aos poucos.

Cuidado com o despejo de muitas informações da trama, esclareça os motivos da história aos poucos.

Segredos, traições e reviravoltas

Revelar segredos, esconder informações importantes ou traições inesperadas pode criar grandes conflitos ou reviravoltas nas tramas.

Utilize-as adequadamente, de acordo com a intenção e histórico dos personagens.

Obstáculos em cadeia

Crie obstáculos em cadeia. Cada momento importante que o personagem enfrenta deve gerar novos problemas, mantendo a tensão crescente. Isso impede que o conflito seja resolvido facilmente e cria uma narrativa mais complexa e envolvente.

O conflito inicial pode ser superficial, mas a busca até sua solução pode levar a outros mais profundos.

Identificação com a história

Por fim, o conflito também permite que o público se conecte emocionalmente com a história e seus personagens. Ao ver outra pessoa enfrentando dificuldades, o/a leitor/a é levado a sentir empatia, torcendo por suas vitórias e desvendando a história junto com aquele personagem.

Lembramos que conflitos internos, como dilemas morais, ou externos, como opressões sociais, podem levantar questões filosóficas, éticas e existenciais, que levam o público a refletir sobre seus próprios valores e experiências.

Portanto, quando não há conflito, a narrativa não acontece. E a ficção perde sua magia de cativar e transformar.