Quando um autor termina de escrever seu livro de ficção, seja um romance ou um livro de contos, o passo seguinte geralmente é a busca por uma casa editorial que se interesse pela publicação. No entanto, antes de pensar no lançamento da obra em si, há uma etapa importante que muitas editoras ignoram e alguns autores ainda desconhecem: a leitura crítica.

Afinal, do que se trata esse trabalho?

A leitura crítica é um olhar completo e aprofundado sobre a obra, que visa trazer novos insights ao autor, para que este possa tornar sua história a mais envolvente possível. Ao final da leitura, entrega-se ao autor um dossiê completo sobre seu livro, com anotações sobre o conteúdo e a forma como a história é apresentada.

A seguir, algumas abordagens que nós do Álbum de Memórias costumamos usar no trabalho de leitura crítica.

Trama e personagens

O trabalho inclui anotações sobre o desenvolvimento da história, independente do gênero. Nesse sentido, considera-se o arco dramático do(a) protagonista, a forma como os personagens secundários enriquecem esse arco e o desenrolar da trama, assim como eventuais pontos de virada para manter o envolvimento emocional do leitor.

Isso não significa que toda narrativa ficcional deva se prender a fórmulas. Porém, é importante manter pulsante o foco e a essência da sua história, através de técnicas literárias que mantenham o leitor engajado e a leitura fluida e agradável.

Exemplo: se a sua história é um drama leve de amadurecimento de uma jovem carioca dos 15 aos 25 anos, é importante ter em mente os conflitos típicos dessa fase da vida, entender essa etapa e os seus dilemas, ao mesmo tempo em que se constrói uma personagem singular, sem cair em estereótipos.

Construção narrativa

Há diversas formas de se contar uma história. Com um narrador-personagem ou onisciente, de forma linear ou não linear, fazendo ou não elipses de tempo, com uma linguagem límpida e objetiva ou usando a prosa poética.

Como estas questões são estruturais, o ideal é que isso seja pensado pelo autor antes de partir para a escrita em si. Contudo, a leitura crítica pode trazer luz a mudanças pontuais na construção narrativa que deem uma nova cara à sua história, engajando o leitor ainda mais.

Exemplo: em uma obra com narrativa fragmentada, com idas e vindas no tempo, pode-se propor uma alteração na ordem dos acontecimentos, de modo a trazer uma perspectiva diferente ao leitor.

Referências e público alvo

Como parte da leitura crítica, pode-se passar ao autor uma lista de livros, filmes e séries dentro do gênero literário da sua história. Essas referências são muito úteis no sentido de construir repertório e entender a mecânica daquele gênero, ou as diversas formas de dialogar com seu público.

Exemplo: se a sua história é uma saga de aventura ou sobrevivência na natureza inóspita, mas a narrativa não transmite tensão ao leitor, algo precisa ser trabalhado na sua obra. Nesse mesmo exemplo, há histórias clássicas e contemporâneas que podem inspira-lo na sua criação: “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson; “O Lobo do Mar”, de Jack London; “Butcher´s Crossing”, de John Williams, e muitos outros, sem falar no cinema e TV.

Esses são apenas alguns dos pontos que os profissionais da leitura crítica prestam atenção ao ler o seu livro. O objetivo é sempre enriquecer a sua obra e fazer com que o leitor devore as páginas até o final.

Nós do Álbum de Memórias somos jornalistas e escritores, com romances publicados, e queremos ajuda-lo a criar uma história inesquecível.

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